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quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Pregação expositiva – o antídoto para a adoração anêmica
Por Albert
Mohler Jr.
Cristãos
evangélicos tem estado especialmente atentos à questão da adoração nos anos
recentes, reacendendo pensamentos e conversas a respeito do que realmente é
adoração e como deve ser feita. Mesmo que esse interesse renovado tenha,
infelizmente, resultado em muitos conflitos em algumas igrejas, é possível que
aquilo que A. W. Tozer uma vez chamou de “a joia perdida” da adoração evangélica
está sendo recuperada.
Entretanto, se
a maioria dos evangélicos rapidamente concorda que a adoração é o centro da
vida da igreja, não consenso para responder uma questão inescapável: o que é
central na adoração cristã? Historicamente, igrejas mais litúrgicas afirmam que
os sacramentos formam o cerne da adoração cristã. Essas igrejas argumentam que
os elementos da Ceia do Senhor e a água do batismo são a forma mais poderosa de
apresentar o evangelho. Entre os evangelicais, alguns apontam para o evangelismo
como o cerne da adoração, planejando cada faceta do culto – músicas, orações, o
sermão – com o apelo evangelístico em mente.
Por mais que
muitos evangélicos mencionem a pregação da palavra como necessária ou parte
comum da adoração, o modelo de adoração que prevalece nas igrejas evangélicas
é, cada vez mais, definido pela música, juntamente com inovações como
apresentações teatrais e audiovisuais. Quando a pregação da palavra recua, um
sem número de inovações de entretenimento tomam seu lugar.
Normas tradicionais
de adoração agora estão subordinadas à uma demanda por relevância e
criatividade. Uma cultura visual orientada à mídia substituiu a cultura
orientada à palavra que serviu de berço para as igrejas reformadas. De certa
forma, a cultura orientada à imagens do evangelicalismo moderno é uma aceitação
das mesmas práticas que foram rejeitadas pelos reformadores em sua busca por
uma adoração verdadeiramente bíblica.
A música
preenche a maior parte do espaço na adoração evangélica, e muito dessa música vem
na forma de corinhos contemporâneos marcados por pouquíssimo conteúdo
teológico. E além da popularidade do corinho como forma musical, muitas igrejas
evangélicas parecem intensamente preocupadas em replicar a qualidade dos
estúdios em suas apresentações musicais.
Em termos de
estilo musical, as igrejas mais tradicionais apresentam grandes corais – muitas
vezes com orquestras – e podem até cantar os hinos mais estabelecidos da fé. A
contribuição dos corais é muitas vezes massiva em sua escala e profissional em
sua qualidade. Em qualquer evento, a música preenche o espaço e conduz a
energia do culto de adoração. Planejamento intenso, investimento financeiro e
preparação prioritária são direcionados para a dimensão musical da adoração.
Equipes profissionais e um exército de voluntários gastam muito de suas semanas
em ensaios e práticas de grupo.
Tudo isso não
passa despercebido à congregação. Alguns cristãos consumem igrejas que oferecem
o estilo de adoração e experiências que se encaixa em suas expectativas. Em
muitas comunidades, as igrejas são conhecidas por seu estilo de adoração e seus
eventos musicais. Aqueles insatisfeitos com o que encontram em uma igreja podem
rapidamente se mudar para outra, às vezes usando a linguagem da auto-expressão
para explicar que a nova igreja “atente nossas necessidades” ou “nos permite
adorar com liberdade”.
Uma
preocupação com adoração verdadeiramente bíblica estava no cerne da Reforma.
Mas mesmo Martinho Lutero, que compôs hinos e considerava obrigatório que os
pregadores fossem musicalmente treinados, não reconheceria essa preocupação
moderna com música como legítima ou saudável. Por quê? Porque os reformadores
estavam convencidos que o centro da verdadeira adoração bíblica era a pregação
da palavra de Deus.
Graças a Deus
pelo evangelismo ser parte da adoração cristã. Confrontados pela apresentação
do evangelho e pela pregação da palavra, pecadores são atraídos à fé em Jesus
Cristo e a oferta da salvação é apresentada a todos. De forma semelhante, a
Ceia do Senhor e o batismo são honrados enquanto ordenanças dos mandamentos do
Senhor, e ambos tem seu lugar na verdadeira adoração.
Além disso, a
música é um dos mais preciosos dons de Deus para seu povo, e é uma linguagem
pela qual podemos adorar Deus em espírito e em verdade. Os hinos da fé trazem
riqueza confessional e conteúdo teológico, e muitas canções modernas recuperam
um senso de doxologia outrora perdido em muitas igrejas evangélicas. Mas a
música não é o ato central da adoração cristã, nem o evangelismo e nem mesmo os
sacramentos. O cerne da adoração cristã é a pregação autêntica da palavra de
Deus.
Pregação
expositiva é central, irredutível e inegociável para a missão bíblica de
adoração autêntica que agrada a Deus. A simples declaração de John Stott afirma
a questão de forma ousada: “Pregação é indispensável ao Cristianismo”. Mais
especificamente, a pregação é indispensável à adoração cristã – e não apenas
indispensável, mas central.
A centralidade
da pregação é o tema de ambos os testamentos da Escritura. Em Neemias 8, vemos
o povo exigindo que Esdras, o escriba, traga o livro da lei à assembleia.
Esdras e seus pares se colocaram em uma plataforma elevada e leram do livro.
Quando ele abria o livro para ler, a assembleia se colocava de pé em honra a
palavra de Deus e respondia “Amém, amém!”.
De forma
interessante, o texto explica que Esdras que aqueles que o auxiliavam “leram no
livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que
entendessem o que se lia” (Neemias 8.8). Esse texto notável apresenta um
retrato da pregação expositiva. Uma vez que o texto era lido, ele era
cuidadosamente explicado para a congregação. Esdras não promoveu uma
apresentação ou orquestrou um espetáculo – ele simples e cuidadosamente
proclamou a palavra de Deus.
Esse texto é
uma séria acusação contra grande parte do cristianismo contemporâneo. De acordo
com esse texto, a demanda pela pregação bíblica emergiu dos corações do povo.
Eles se reuniram como uma congregação e invocaram o pregador. Isso reflete uma
intensa fome e sede da pregação da palavra de Deus. Onde está evidente esse
desejo em meio aos evangélicos de hoje?
A Bíblia está
quase calada em igrejas além da conta. A leitura pública da Escritura foi
abandonada em muitos cultos, e o sermão tem sido ofuscado, reduzido a uma breve
devocional ao fim da música. Muitos pregadores aceitam isso como uma concessão
necessária à era do entretenimento. Alguns conseguem inserir uma breve mensagem
de encorajamento ou exortação antes da conclusão do culto.
Como Michael
Green colocou, “essa é a era do sermãozinho, e sermãozinhos geram
cristãozinhos”.
A anemia da
adoração evangélica – à parte de toda a música e energia – é diretamente
atribuível à ausência da pregação expositiva genuína. Tal pregação deveria
confrontar a congregação com nada menos que a viva e ativa palavra de Deus. E
essa confrontação vai moldar a congregação, conforme o Espírito Santo acompanha
a palavra, abre os olhos e aplica essa palavra aos corações humanos.
Fonte:
iPródigo
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Cruz, sofrimento e espiritualidade
Por Luiz Fernando dos Santos em Ultimato Online
“...Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios.” (1Co 1.23).
“...Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios.” (1Co 1.23).
Vivemos numa sociedade que abomina a realidade do sofrimento. Por todos
os meios tenta negar a sua existência. Muitos são os meios empregados,
desde a alienação das drogas lícitas e ilícitas, às técnicas
psicológicas e às indústrias do cosmético e entretenimento. Também
religiões tradicionais falam do absurdo do sofrimento como uma
contradição da existência humana em face de seu propósito em ser feliz.
A cultura contemporânea acusa o Cristianismo de ter glorificado o sofrimento, dizem que não faz bem para a alma ser confrontada, por meio da cruz, com os lados desagradáveis da vida. Por isso, infelizmente, no contexto cristão, ou pelo menos, que se faz passar por cristão, não poucas expressões eclesiásticas também anatematizam o sofrimento e a imagem da cruz. Reputam o sofrimento sempre como uma ação demoníaca, ou na maioria das vezes, oprimem os fieis reputando à falta de fé e de obediência à Deus o sofrimento experimentado. Claro, os demônios tem poder limitado e limitada liberdade para impingir certos tipos de sofrimentos. A incredulidade e a desobediência também trazem consigo os sofrimentos que lhes são próprios. Mas, o fato é que, o sofrimento faz parte da contingência humana.
Todos seremos acometidos pelo “absurdo” do sofrimento, da contradição unilateral dos elementos desta existência que escapam à nossa vontade ou controle. Se o sofrimento fosse apenas uma simples questão de falta de fé ou desobediência, o que teríamos a dizer de Paulo, Estêvão, Pedro e todos os mártires que regaram o chão da Igreja com o seu sangue?
Precisamos redescobrir a espiritualidade da cruz como linguagem para entender e integrar o sofrimento como parte essencial na formação de nosso caráter, mas também como marca de genuinidade de nossa fé vivida na contramão dos valores e das medidas deste mundo. Os cristãos antigos perguntavam menos pela razão do sofrimento. Para eles, fazia parte de sua existência no mundo. Mas eles viam na cruz uma ajuda para passar pelo sofrimento sem perecer. A cruz os fortalecia e lhes dava a esperança de que não haveria sofrimento definitivo.
Ainda que a cruz termine na morte, ela aponta para a ressurreição, para a transformação do pior sofrimento possível em nova vida, em vida indestrutível. Assim entendemos que o sofrimento entendido na perspectiva da cruz de Cristo é a realidade que cruza e contraria diariamente nosso caminho e nossa vida para quebrar as ideias erradas que construímos em relação a nós mesmos, corroborando assim para a nossa maior identificação com Cristo. É aquela nova criação para a qual valem outras medidas, que não as de uma existência puramente mundana, que precisa se orientar pelas leis desumanas deste mundo caído.
O mundo, com suas medidas e seus parâmetros de desempenho, reconhecimento e felicidade, já não tem poder sobre nós. O sofrimento recebido na sabedoria da cruz é um sinal da graça de Deus e um protesto contra as nossas tentativas de redimir-nos a nós mesmos e de comprar a nossa salvação com o desempenho próprio. O sofrimento nos coloca em nosso lugar: criaturas incapazes que dependem da Graça de Deus. Se não fossem as contradições da vida e se tudo fosse só sucesso, facilmente nos idolatraríamos a nós mesmos, como tantos fazem por aí, como “Narcisos” incensando a própria vaidade.
Por mais absurdo que possa soar aos nossos ouvidos aburguesados, a espiritualidade da cruz é a chave para a verdadeira vida. Longe de nós desejarmos o sofrimento, ou atraí-lo, ou produzi-lo gratuitamente (isto seria uma blasfêmia e negaria a própria verdade e utilidade da cruz no gracioso plano redentor do Pai). Mas longe de nós também negar ou não acolher a realidade do sofrimento, categorizando-o como absurdo.
Aprendamos dos antigos cristãos:
“Teu Senhor não foi pregado no poste da cruz? Tu deves imitar o teu Senhor! Se amas teu Senhor, então morre a mesma morte que ele e faze o caminho do apóstolo: ‘O mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.’ (Gl 6.4). Por mundo entenda: elogio humano, poder e sucesso exterior, fama, riqueza, luxúria, bebedices e glutonerias, fofocas e maledicências...Crucifica-te para estas coisas” (João Crisóstomo).
“E, assim, quando sofrer, que seja por fazer o bem, ou, para te fazer bem” (Tertuliano).
Não existe Cristo sem crucificação. Não existe cristão sem Cruz!
Nos laços da cruz gloriosa,
A cultura contemporânea acusa o Cristianismo de ter glorificado o sofrimento, dizem que não faz bem para a alma ser confrontada, por meio da cruz, com os lados desagradáveis da vida. Por isso, infelizmente, no contexto cristão, ou pelo menos, que se faz passar por cristão, não poucas expressões eclesiásticas também anatematizam o sofrimento e a imagem da cruz. Reputam o sofrimento sempre como uma ação demoníaca, ou na maioria das vezes, oprimem os fieis reputando à falta de fé e de obediência à Deus o sofrimento experimentado. Claro, os demônios tem poder limitado e limitada liberdade para impingir certos tipos de sofrimentos. A incredulidade e a desobediência também trazem consigo os sofrimentos que lhes são próprios. Mas, o fato é que, o sofrimento faz parte da contingência humana.
Todos seremos acometidos pelo “absurdo” do sofrimento, da contradição unilateral dos elementos desta existência que escapam à nossa vontade ou controle. Se o sofrimento fosse apenas uma simples questão de falta de fé ou desobediência, o que teríamos a dizer de Paulo, Estêvão, Pedro e todos os mártires que regaram o chão da Igreja com o seu sangue?
Precisamos redescobrir a espiritualidade da cruz como linguagem para entender e integrar o sofrimento como parte essencial na formação de nosso caráter, mas também como marca de genuinidade de nossa fé vivida na contramão dos valores e das medidas deste mundo. Os cristãos antigos perguntavam menos pela razão do sofrimento. Para eles, fazia parte de sua existência no mundo. Mas eles viam na cruz uma ajuda para passar pelo sofrimento sem perecer. A cruz os fortalecia e lhes dava a esperança de que não haveria sofrimento definitivo.
Ainda que a cruz termine na morte, ela aponta para a ressurreição, para a transformação do pior sofrimento possível em nova vida, em vida indestrutível. Assim entendemos que o sofrimento entendido na perspectiva da cruz de Cristo é a realidade que cruza e contraria diariamente nosso caminho e nossa vida para quebrar as ideias erradas que construímos em relação a nós mesmos, corroborando assim para a nossa maior identificação com Cristo. É aquela nova criação para a qual valem outras medidas, que não as de uma existência puramente mundana, que precisa se orientar pelas leis desumanas deste mundo caído.
O mundo, com suas medidas e seus parâmetros de desempenho, reconhecimento e felicidade, já não tem poder sobre nós. O sofrimento recebido na sabedoria da cruz é um sinal da graça de Deus e um protesto contra as nossas tentativas de redimir-nos a nós mesmos e de comprar a nossa salvação com o desempenho próprio. O sofrimento nos coloca em nosso lugar: criaturas incapazes que dependem da Graça de Deus. Se não fossem as contradições da vida e se tudo fosse só sucesso, facilmente nos idolatraríamos a nós mesmos, como tantos fazem por aí, como “Narcisos” incensando a própria vaidade.
Por mais absurdo que possa soar aos nossos ouvidos aburguesados, a espiritualidade da cruz é a chave para a verdadeira vida. Longe de nós desejarmos o sofrimento, ou atraí-lo, ou produzi-lo gratuitamente (isto seria uma blasfêmia e negaria a própria verdade e utilidade da cruz no gracioso plano redentor do Pai). Mas longe de nós também negar ou não acolher a realidade do sofrimento, categorizando-o como absurdo.
Aprendamos dos antigos cristãos:
“Teu Senhor não foi pregado no poste da cruz? Tu deves imitar o teu Senhor! Se amas teu Senhor, então morre a mesma morte que ele e faze o caminho do apóstolo: ‘O mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo.’ (Gl 6.4). Por mundo entenda: elogio humano, poder e sucesso exterior, fama, riqueza, luxúria, bebedices e glutonerias, fofocas e maledicências...Crucifica-te para estas coisas” (João Crisóstomo).
“E, assim, quando sofrer, que seja por fazer o bem, ou, para te fazer bem” (Tertuliano).
Não existe Cristo sem crucificação. Não existe cristão sem Cruz!
Nos laços da cruz gloriosa,
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
Franklin Ferreira vs Wayne Grudem: A subordinação do Filho
[Postado por Luciano Sena às 08:01, no Blog MINISTÉRIO
CRISTÃO APOLOGÉTICO (MCA) - http://mcapologetico.blogspot.com.br/2013/08/franklin-ferreira-vs-wayne-grudem.html]
Lendo a
Teologia de A. Myatt e Franklin Ferreira, me deparei com uma ‘polêmica’: O
Filho de Deus, sempre foi, é, e será eternamente subordinado ao Pai?
Ferreira
‘acusa’ Wayne Grudem como defendendo uma séria falha de interpretação. Wayne
Grudem é um autor calvinista pentecostal e batista. Franklin e Myatt, são
batistas e calvinistas.
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Wayne
Grudem diz:
“Na obra da redenção também há funções distintas.
Deus Pai planejou a redenção e enviou seu Filho ao mundo (Jo 3.16; Gl 4.4; Ef 1.9-10). O Filho
obedeceu ao Pai e realizou a redenção para nós. Assim podemos dizer que o papel
do Pai na criação e na redenção foi planejar, dirigir e enviar o Filho e o
Espírito Santo. Isso não é de admirar, pois mostra que o Pai e o Filho se
relacionam um com o outro como pai e filho numa família humana: o pai dirige e tem autoridade sobre o filho, e o
filho obedece e é submisso às ordens do pai. O Espírito Santo é obediente às ordens tanto do
Pai quanto do Filho.
Quando as Escrituras falam da criação, novamente
falam que o Pai criou por intermédio do Filho, indicando uma relação anterior ao princípio
da criação. Portanto, as diferentes funções que vemos o Pai, o Filho, e o
Espírito Santo desempenharem são simplesmente ações exteriores
de uma relação eterna entre as três pessoas, relação essa que sempre existiu e existirá por toda
a eternidade. Deus
sempre existiu como três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essas
distinções são essenciais à própria natureza de Deus e não poderiam ser
diferentes.
Para Grudem entender assim é essencial para uma
construção correta da doutrina trinitariana:
Se não há igualdade ontológica, nem todas as
pessoas são plenamente Deus. Mas se não há subordinação econômica, então não existe diferença inerente no modo como as três pessoas se
relacionam umas com as outras, e conseqüentemente
não temos as três pessoas
distintas que existem como Pai, Filho e Espírito Santo por toda a eternidade.
Por exemplo, se o Filho não está eternamente subordinado ao Pai no seu papel, então o Pai não é
eternamente "Pai", nem o Filho eternamente "Filho". Isso significaria que a Trindade não existe desde a
eternidade.
Myatt e Ferreira respondem:
“São vários os problemas com o
argumento de Grudem. Ele começa a partir de dois enunciados que são corretos, a saber: (a) as três pessoas da Trindade são distintas e (b) elas
cumprem papéis diferentes em relação à criação e redenção. Porém, ele erra ao
asseverar que isso implica que (c) as relações entre as três são da qualidade
de uma hierarquia, ou cadeia de comando eterna. O enunciado "c"
simplesmente não se segue dos enunciados "a" e "b".
O problema começa quando
Grudem confunde a idéia de distinção com submissão, de modo que ele não consegue entender como
uma pode existir sem a outra. Mas não há razão lógica para levar alguém a supor
que a distinção de papéis não possa existir sem uma subordinação de uma pessoa
à outra. Tais relações são comuns. A confusão de Grudem ocorre pela aplicação errônea da analogia
da família humana. Porém, mesmo essa analogia serve para ilustrar que é
perfeitamente normal existir distinção de papéis sem subordinação. É verdade
que, numa família bem ajustada, os filhos são submissos ao pai. Numa família
saudável o pai orienta e o filho obedece, enquanto ainda é criança. Ao se tornar
adulto, a natureza do relacionamento entre o pai e o filho muda de submissão e
obediência para respeito e cooperação mútua. Como criança, o filho tem a
responsabilidade de obedecer. Como adulto, essa cadeia de comando não existe
mais, embora a relação entre ambos ainda permaneça como uma relação de pai e
filho. O filho não é menos filho por ser adulto. A existência da relação
paternal e filial não depende de obediência e submissão. Portanto, a analogia
mostra que é perfeitamente possível uma relação eterna de paternidade e
filiação entre Deus Pai e Deus Filho sem subordinação eterna.”
Fica
difícil julgar a questão, quando avaliamos os 'oponentes'. Franklin Ferreira, e
os demais citados, tem autoridade suficiente para questionar Grudem,
assim como este também tem. O problema engrossa no fato de que Grudem cita
Charles Hodge e A. Strong como defensores de uma subordinação eterna.
Daí, é luta de gigantes.
Por
sua vez, Ferreira e Myatt dizem que a posição de Atanásio é contra
uma subordinação eterna, que concerne ao Filho. Quanto a F. Ferreira, por quem
temos profunda admiração, por ser obviamente uma das maiores autoridades
calvinistas de nosso país; se ele mostrasse o que Atanásio disse
sobre esse tema, acredito que a palavra final seria dada. Isso, infelizmente,
por falta de espaço talvez, não mostrou em sua Sistemática. Mas eles citam
autores, teólogos, de nome Gilles, Spencer e Gill, que fizeram pesquisas nessa
área, e os mesmos garantem que essa é a posição ortodoxa dos Credos e dos
Reformadores. Um desses autores diz que a subordinação eterna é semi-ariana!!!
O
Credo Atanasiano, pelo que percebo, não trata exaustivamente da questão. Apesar
de dizer algo nessa direção nos seguintes dizeres: ‘Igual ao Pai quanto à
divindade, menor que o Pai quanto à humanidade’. Obviamente não é
negado nem estabelecido o assunto. Isso qualquer um que crê na subordinação
eterna também diz. Por outro lado, O Credo estaria com ‘humanidade’ aludindo
também para sua obra Messiânica? O que incluiria os seus ofícios? Se sim, neste
caso, Ferreira e Myatt estão certos e Grudem, Hodge e Strong, errados.
Ferreira e
Myatt concluem com palavras de advertências: “A nossa conclusão é que a doutrina da
subordinação eterna do Filho ao Pai não é bíblica e entra em choque com o
ensino ortodoxo da igreja através da história. Portanto, deve ser rejeitada,
como um perigoso caminho em direção à negação da Trindade."
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Você está visitando o Blog da igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande-PB. Nosso alvo é agradar a Deus e servi-lo conforme a sã doutrina encontrada no Novo Testamento (Mt 16.18; Rm 12.12; 16.16; Cl 1.18; 2Tm 2.2).
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