Rev. Augustus
Nicodemus Lopes
A Igreja de Deus existe e está
presente no mundo. O Senhor Jesus falou dela, quando disse aos discípulos que
“edificaria Sua igreja” (Mateus 16.13-20). Os Reformadores se preocuparam em
entender e definir a Igreja. Essa preocupação se encontra refletida nas
confissões de fé adotada pelas Igrejas após a Reforma protestante. Podemos
definir a Igreja como sendo a comunhão de todos os que foram chamados por Deus,
mediante a Sua Palavra, e que recebem a Cristo como Salvador e Senhor, que
conhecem e adoram a Deus Pai, Filho e Espírito Santo, em verdade, e que
participam pela fé dos benefícios gratuitos oferecidos por Cristo. A Igreja é
una, ou seja, só existe uma. Ao mesmo tempo, ela é universal, está espalhada
pelo mundo todo, e têm pessoas de todas as tribos, povos, e raças (Apocalipse
7.9-10). Isto não quer dizer que a Igreja é do tamanho do mundo. Existe uma
diferença radical entre a Igreja e o mundo. A Igreja está no mundo, mas não é
dele. A Igreja de Deus sempre existiu e sempre existirá. Deus sempre teve e
terá um povo para Si, para o adorar em espírito e em verdade.
A Igreja de Deus, porém, atravessou
duas fases históricas distintas. No período antes de Cristo ela estava em geral
resumida à nação de Israel, e funcionava com rituais, símbolos e ordenanças
determinadas por Deus, como figuras e tipos de Cristo. Com a vinda de Cristo,
estas cerimônias foram abolidas, e agora adoramos a Deus de forma mais simples.
Porém, é a mesma Igreja no Velho e no Novo Testamentos. Antes de Cristo, os
crentes do Antigo Testamento se salvaram pela fé no Messias que haveria de vir.
Depois de Cristo, somos salvos pela fé no Messias que já veio.
A Igreja de Deus, mesmo sendo una e
indivisível, existe agora em duas partes. A Igreja militante, composta dos
crentes vivos neste mundo, que ainda estão lutando contra a carne, o pecado, o
mundo e Satanás. E a Igreja triunfante, composta daqueles fiéis que, tendo
vencido a luta, já partiram deste mundo, e hoje desfrutam do triunfo na
presença de Deus (Hebreus 12.22-23). Estas duas partes da Igreja de Deus se unirão
na Vinda do Senhor Jesus, quando houver a ressurreição dos mortos, e nosso
encontro com o Senhor, para com Ele ficarmos para sempre, e com nossos irmãos
de todas as épocas e de todas as partes do mundo (1 Tessalonicenses 4.16-18).
A Igreja militante se expressa aqui
neste mundo por meio de igrejas particulares. São a organização e estruturação
local dos fiéis que se reúnem num mesmo lugar regularmente, para cultuar a
Deus, serem instruídos em
Sua Palavra e celebrar os sacramentos. As igrejas organizadas
têm membros a elas afiliados, direção e liderança espiritual e administrativa,
promovem cultos de adoração, celebram os sacramentos, anunciam o Evangelho e
praticam boas obras.
Elas têm um aspecto estrutural e
organizacional, mas jamais devem ser consideradas como um clube ou uma empresa.
Estas igrejas locais podem ser mais ou menos puras, dependendo de quão pura é a
pregação do Evangelho que ocorre ali, a celebração correta dos sacramentos e o
exercício da disciplina entre seus membros.
É tarefa de cada igreja particular reformar-se
continuamente à luz da Palavra de Deus, procurando cada vez mais se aproximar
do ideal bíblico. São os princípios que são imutáveis, não as formas
organizacionais e externas. Deve manter comunhão com igrejas evangélicas irmãs
— afinal, ela não é única neste mundo! Deve zelar pela pureza da pregação, da
celebração dos sacramentos e pela vida espiritual e moral de seus membros. Que
Deus nos dê graça para podermos fazer tudo isto!